No mês dedicado à prevenção de suicídios, reunimos dicas de abordagem sobre o tema para professores sobre o tema
Desde 2014, que setembro passou a ser amarelo. A iniciativa criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), ONG voltada à prevenção ao suicídio e apoio emocional, junto com o Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria. Estamos falando, e devemos falar cada vez mais, de um problema que afeta milhares de pessoas no mundo todo.
E, enquanto um espaço de debate feito por e para educadores, precisamos entender como a educação pode agir nesse mês e em todos os dias do ano para prevenir esses casos. Para isso, convidamos a Maria Filomena Brandão, Gerente Editorial de Portfólio e Coordenadora da Pearson Clinical – braço da Pearson sobre saúde emocional, para dar algumas importantes dicas sobre o tema. Confira abaixo:
Como a educação pode ajudar na prevenção ao suicídio?
R: A Educação e a Saúde, têm que tratar a questão do suicídio como real e não fazer parte de atitudes silenciosas que nada favorecem e nem minimizam um problema que é real e que pode ser evitado.
A escola pode ajudar com ações de prevenção ao suicídio. Ela faz parte da rede de proteção de crianças e jovens e pode identificar sinais de alerta e estes são pedidos de ajuda dos alunos e são fundamentais na elaboração de apoio e ações de prevenção ao suicídio. Nesta rede de proteção estão envolvidos professores, coordenação, direção e demais colaboradores da escola.
Ao professor cabe a identificação de sinais de alerta e um trabalho multidisciplinar de desenvolvimento de habilidades socioemocionais que ajudam a fortalecer os vínculos entre as pessoas, a lidar com os conflitos pessoais e sociais e a elevar a autoestima. A coordenação tem o papel de desenvolver programas e campanhas de prevenção ao suicídio envolvendo a família, alunos e comunidade e abrir espaços em que a criança e o jovem tenham seu lugar de fala.
Outro ponto forte é a formação de um círculo, conselho ou comissão de saúde mental da escola composta por professores, família e alunos para que pensem em campanhas com informações e grupos de ajuda/apoio, pois normalmente o jovem procura amigos para compartilhar suas ideias e entre elas podem estar o sofrimento por bullying, a ideação suicida, o sofrimento por depressão, a ansiedade entre outras circunstâncias e sintomas que aproximam o jovem do suicídio.
Como abordar o tema do #SetembroAmarelo na educação?
R: Existe um silêncio adotado pela sociedade quando o assunto é o suicídio e que as pessoas, em sua grande maioria, não dão atenção aos sinais de aviso que denotam a intenção suicida quer seja de uma criança, sim, uma criança, um adolescente ou um adulto, um idoso, pois a maioria não consegue reconhecer as pistas que os colocam num grupo de risco e tão pouco querem falar sobre o assunto e entre essas pessoas estão os professores e as famílias de crianças e adolescentes.
A escola deve primeiro municiar seus professores e demais colaboradores de informação, palestras sobre o suicídio e como lidar com as questões socioemocionais; é importante preparar e capacitar os professores para falar sobre o suicídio e organizar programas de prevenção ao suicídio, através da identificação dos fatores de risco, estabelecendo linhas que estimulem a autoestima dos alunos. Criar espaços que possibilitem aos professores, às famílias e aos alunos ter seu lugar de fala, sua ponte entre os medos e angústias e a oportunidade de se renovar, se reinventar e sair da situação de risco e entender o processo pelo qual estão passando ou algum amigo esteja passando e assim conseguir estimulá-los a tomar decisões e a se sentirem capazes de lidar com seus próprios medos, problemas e angústias percebendo a escola como um espaço em que seu sofrimento é compreendido e que ele pode se colocar, conversar e se posicionar. Por isso é fundamental orientar os professores sobre o que fazer diante de situações de risco.
É importante que a escola proponha campanhas e programas de ações de prevenção e de espaço de diálogo e grupos de apoio, propor discussão sobre o assunto e oferecer informações que ajudem os alunos na identificação dos seus estados emocionais e assim os alunos consigam sentir-se mais seguros para falar sobre os seus sentimentos e aprender a lidar com suas emoções.
As interações sociais mudaram devido ao isolamento social e a pandemia do coronavírus. Quais dicas você daria para professores manterem a saúde mental e como eles podem identificar e ajudar alunos que possam estar com algum problema, mesmo à distância?
R: Com o isolamento social e a pandemia do Coronavirus o professor foi obrigado a lecionar no modelo à distância e com isso precisou se reinventar e ao mesmo tempo também teve que aprender a lidar com um turbilhão de emoções e sentimentos que nunca antes ele teve que lidar. Pela primeira vez, toda comunidade escolar foi obrigada a voltar seu olhar para a saúde mental dos professores e estes para a saúde mental de seus alunos.
As dicas a seguir ajudarão aos professores e poderão ser instrumentos para que ajudem seus alunos: